terça-feira, 9 de julho de 2013

Soja Bt RR2: China autoriza importação da Intacta e plantio é liberado no Brasil

Após dois anos de indefinição, no dia 10 de junho último, foi anunciada a autorização da China para importação da soja com a tecnologia Bt RR2 denominada Intacta. Com essa decisão torna-se possível e sem riscos comerciais o cultivo da soja com esses genes.
Apesar de no Brasil esta soja já estar liberada para cultivo, ainda não era semeada devido ao risco de contaminação da soja exportada para a China, que representa mais de 50% dos embarques da oleaginosa pelo Brasil, cerca de 20 milhões de toneladas, o que colocaria em risco este negócio.
Agora cabe ao produtor, de posse das informações sobre as cultivares Intacta, tomar a decisão de semear ou não estas cultivares.
Algumas indagações e dúvidas pairam na cabeça de muitos produtores e o princípio da precaução e cautela se adapta perfeitamente ao caso neste momento.
Apesar de todas as vantagens propagadas dessa tecnologia e haver cultivares competitivas em produtividade, em comparação com as cultivares utilizadas pelo produtor, a decisão de semear e quanto semear destas cultivares merecem uma análise mais criteriosa.
Sem entrar na discussão da importância das novas tecnologias para a evolução e avanços da agricultura, lembrando que nós atuamos nessa área, queremos nos ater em abordar os impactos da tecnologia Bt RR2 na lavoura de soja, a sua real eficiência e riscos, o custo desta tecnologia para o produtor e a sua eficiência na redução de custos de produção da soja.
Em primeiro lugar, os próprios produtores também avaliaram a tecnologia preliminarmente e, somado aos resultados da pesquisa, sabe-se que o aumento de produtividade propagado não é garantido, e quando ocorre se deve a melhoria genética das cultivares e não propriamente à tecnologia Intacta, além de que a estabilidade de produção não foi totalmente posta a prova. É de conhecimento que a soja Intacta não controla as lagartas Helicoverpa zea e Helicoverpa armigera, que neste ano causaram enormes prejuízos nas lavouras de soja, milho e algodão da Bahia. Nesta situação, que com certeza estaremos convivendo em breve, qual seria a real economia de agroquímicos?
A estimativa dos pesquisadores conhecedores do assunto é que em dois anos a tecnologia Intacta, com o gene Bt RR2, tem grande probabilidade de tornar-se ineficiente devido à prolongada exposição das pragas ao gene Bt, por este estar presente atualmente no milho e algodão e agora também na soja. Soma-se a isto i) a negligência do produtor em adotar a área de refúgio, além de que ii) a mesma foi recomendada em nível abaixo do mínimo adequado e iii) as próprias empresas produtoras das sementes não tiveram a preocupação com a percentagem da área de refúgio e nem com a disponibilização de sementes não transgênicas para o produtor plantar a área de refúgio.
O produtor deve considerar que ele dispõe de cultivares de soja com produtividade e estabilidade de produção conhecidas e, na maioria dos casos, que podem aumentar a produtividade. O que ele precisa fazer é usar melhor a tecnologia disponível, pois as cultivares atuais possuem potencial produtivo de sobra em relação à produtividade hoje obtida. Portanto, cautela e pé no chão são atitudes sensatas.
Simplesmente o fato de usar a última tecnologia do momento não garante o melhor resultado econômico.

Autor Carlos Pitol. Carlos Pitol é engenheiro agrônomoformado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, 1981), especializado em manejo do solo e do estado nutricional de plantas pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE, 1999). Atua como pesquisador do setor de Fitotecnia Soja da Fundação MS.

[ Fonte: Rural Centro ]

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